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sábado, 8 de julho de 2017

Minha Primeira Gravidez e a Perda do meu Bebê

Revendo fotos antigas no celular, achei as fotos de quando saltei de paraquedas. Quando vi a data da foto me emocionei, 23/04/2016, exatamente um ano antes da Júlia pedir pra nascer, estava eu, nascendo de novo naquele salto. 


Finalmente vou compartilhar minha história da primeira gravidez e do aborto espontâneo. Ler sobre isso não é para qualquer um. Se for demais pre você, segue com o conteúdo divertido do blog (as viagens, etc). Entendo perfeitamente, ok?


2016 foi um ano muito intenso. Me vi mãe pela primeira e pela segunda vez. 

Descobri minha primeira gravidez em janeiro de 2016. Tinha essa certeza desde o réveillon. Baseado em quê? Nada concreto, nenhuma mudança no corpo, nada que pudesse dar alguma pista, era simplesmente minha intuição. 

A ideia de engravidar após 8 anos de casados (15 anos juntos) era pra 2016, mas ainda não estávamos tentando (não conscientemente! Rsrs). Em janeiro de 2016, gravidez confirmada com um teste de farmácia. Muita emoção. Sorria, chorava e me tremia inteira. 

Diferente de tantas mulheres que afloram para a maternidade no decorrer da gestação, comigo foi de imediato, como num estalo! Fiquei muuuito mãe. Todo instinto maternal veio à tona! Uma sensação maravilhosa e a certeza de que aquilo era pra mim. 

Uma semana de felicidade radiante. Comecei a busca por um obstetra sensível e experiente para um parto natural. Por alguma razão caí nas mãos de dois profissionais despreparados para lidar com seus pacientes. 

O obstetra que acabara de conhecer não fazia nem de longe a linha que eu esperava para um parto. Saí dali decidida que não seria ele e fui direto para minha primeira e tão esperada ultrassonografia. 

A médica da ultra após um "bom dia" começou o exame e disse:"ah, você veio por causa do descolamento?". Como assim? Fiquei bamba. Não tinha ideia do que era aquilo. Quando ela se deu conta da sua falta de tato, tentou me acalmar. Tarde demais, meu marido e eu estávamos segurando o choro e desesperados. Voltamos imediatamente para o obstetra que havia nos atendido uma hora antes. Aí que meu mundo começou de fato a desabar.

Era um hematoma coriônico (descolamento ovular) pequeno e comum, facilmente reabsorvível pelo corpo. Mas o médico escolheu a pior forma de me dizer que "95% dos casos evoluem bem e 5% evoluem para o aborto", e eu estava nesses 5%. Me explicou como seria o aborto,  me pediu 2 betahcg seriados e repouso. Não passou progesterona porque "iria reter um embrião morto". Quanta falta de sensibilidade! Quanto sofrimento nos causou! O mesmo exame que o levou a essa conclusão, mostrei para vários médicos depois (obstetras e ultrassonografistas) e todos disseram ser impossível tirar aquela conclusão. 

O fato é que naquele dia ele havia "matado" meu bebê me tirando qualquer esperança. Parecia que tinha um galho atravessado em minha garganta. Dava medo de chorar e fazer mal ao meu bebê. Fomos andando pra casa quase anestesiados com a notícia. 

Passei quatro dias na sensação de escuridão total. Para completar o laboratório não cumpriu o prazo do exame o que só aumentou meu estresse. Tirei forças não sei de onde e decidi não aceitar aquelas palavras. Não iria perder a esperança. 

Fui a outro obstetra que me acalmou, passou progesterona, repouso e, na ultra seguinte, lá estava nosso baby com o coraçãozinho batendo. Voltei a sonhar, a planejar o quartinho, enxoval...

Mantive o repouso, mas na oitava semana o coração já havia parado. Tentei me fazer de forte para acalmar meus pais que me aguardavam em minha casa e estavam tão radiantes em se tornarem avós. 

É tanta dor perder um filho! Isso soa tão estranho para tantas pessoas... Tratam só como um embrião e não uma vida que já era tão amada! 

Três dias depois começou o aborto espontâneo. A dor física é imensa e certamente potencializada pela dor emocional. Foram 30h de contrações fortíssimas sem pausa (surpreendentemente o mesmo tempo do meu trabalho de parto com a Júlia - minha segunda filha). Não sei o que seria de mim sem o apoio do meu marido. A única coisa que precisava era de colo, abraço bem apertado, contenção. Recebi isso basicamente dele. Incansável ao meu lado! E ainda sofrendo a perda de um filho. 

As demais pessoas ao meu redor tentaram me consolar, cada um do seu jeito, a maioria sem muito jeito, o que me entristeceu muito. Algumas sumiram. Passado algum tempo consegui entender que no geral, as pessoas não sabem lidar com a dor do outro e esse assunto assusta. Há também quem tenha passado por isso sem nunca contar pra ninguém... Enfim, a dor era minha, o luto era meu.

Na mesma semana, decidi voltar ao trabalho. Cedo, muito cedo, mas foi a forma que encontrei pra me botar de pé. Difícil eu deixar transparecer minha dor, minha tristeza. Sou assim, casca dura, forte. Só por fora. Para os outros? Não! Para me manter firme! Falei muito sobre isso, contei para todos ao meu redor. Precisava falar. Precisava porque sentia que era um assunto a ser mais abordado, sem tabus, me senti nesse compromisso. Talvez se eu ouvisse mais as histórias (que foram surgindo), talvez se eu soubesse que era tão comum, não me sentiria um "E.T.", tão distante dessa realidade. Os relatos da internet me confortaram muito.

Um tempo depois caiu mais ainda a ficha e me permiti chorar mais. Chorei muito. Desabei.

Sei que cada mulher que passou por isso, cada família, teve uma experiência única. A dor é de cada um. Há quem banalize o assunto por fuga, há quem passe por isso sem mesmo saber previamente que estava grávida. Não quero julgar a história dos outros, mas acho que compartilhar a minha mostra minha solidariedade com quem precisa.

Dois meses depois, precisava sair daquela tristeza, precisava me reinventar, olhar diferente para o mundo. A forma que encontrei para renascer foi ir ao extremo que minha coragem e vontade clamavam: saltar de paraquedas. (Esse relato vocês já conhecem aqui no blog.)

A dor vai se diluindo com o tempo, mas está lá, de alguma forma. Hoje, um ano depois, com minha filha no colo, penso com amor e carinho no meu primeiro bebê, que veio em nossa família para me tornar Mãe. 

Deixo aqui meu apoio e meu afeto a quem passou por situação semelhante.

Com carinho,

Viviane

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